Eugênio Roberto Haddock Lobo

04/12/1979

EUGÊNIO HADDOCK LOBO

Por Rosita de Nazaré Sidrim Nassar

Eugênio Roberto Haddock Lobo nasceu na cidade de Bagé, no Rio Grande do Sul, em 27 de maio de 1925. Formou-se, em 1949, pela Faculdade de Direito da Universidade Federal do Rio de Janeiro.

Sem nenhum exagero, foi uma das mais brilhantes figuras de jurista que o Brasil conheceu. Nas palavras de seu amigo Júlio César do Prado Leite, “foi tudo que um advogado pode alcançar em termos de servir ao seu país” (Revista do IAB, Ano XXIX, n. 85, 2º semestre de 1996, pág 138): Presidente da Seccional da Ordem dos Advogados do Brasil do Rio de Janeiro, no biênio 1977/78 e consagrado por expressiva votação presidente do Instituto dos Advogados Brasileiros, no biênio 1990/91. Na presidência da OAB/RJ, realizou campanhas pela redemocratização do país e defesa dos direitos humanos, fazendo frente a toda sorte de barreiras opostas por governos autoritários. Na presidência do IAB, adotou medidas de aperfeiçoamento cultural, tendo colaborado nas reformas da legislação, principalmente a da Constituição de 1988.

De acordo com o depoimento de seu filho Augusto, foi um abnegado à causa do Direito, tendo publicado diversas obras jurídicas, dentre as quais destaco: Dissídios Coletivos e Aumentos Salariais – Normas e Critérios (1967) e os Planos Econômicos e suas repercussões no Direito do Trabalho (1991).

Sempre manifestou acentuada preocupação com os problemas sociais, com as camadas mais desfavorecidas da sociedade, com as vítimas de injustiças; enfim sempre esteve preocupado com a valorização do homem, daí sua opção pela advocacia trabalhista e pelos temas relacionados à doutrina laboral. Era, segundo testemunho de seu amigo pessoal Benedito Calheiros Bomfim,

“personificação da generosidade, desprendimento dos bens materiais, sobrepunha os interesses das instituições de classe e da sociedade aos seus interesses pessoais. Fazia da advocacia, do direito e da justiça um apostolado. Seus elevados sentimentos de humanidade fizeram que vivesse mais para os outros do que para si próprio. Incapaz de guardar rancor, estava sempre disposto a relevar as faltas alheias. Possuidor de grande sentimento de solidariedade, estava sempre pronto a assistir aos que necessitavam de préstimos. Por índole, era um aliciador de amizades. Dava-se, por inteiro, às causas que lhe pareciam justas” (Revista do Instituto dos Advogados Brasileiros, Ano XXIX, n. 84, 1º semestre de 1996, págs. 175-176).

Ninguém melhor do que este seu amigo pessoal – Calheiros Bomfim – externou o o significado da vida de Haddock Lobo, inclusive para além dela mesma, para o mundo jurídico, quando, logo após a sua morte, ocorrida em acidente automobilístico, em 15 de junho de 1996, assim se pronunciou em sessão do Instituto dos Advogados Brasileiros:

“Há homens que morrem, e deixam apenas lembranças e saudades aos seus familiares, caras recordações aos seus companheiros e amigos.

Há aqueles, porém, que, como Eugênio Roberto Haddock Lobo, mortos sobrevivem pelo saber que difundiram, pelos exemplos que legaram, pelos ensinamentos que propagaram, por sua luta em defesa da liberdade, do direito, da igualdade, da justiça social. São homens paradigmas, emblemáticos da advocacia e da cidadania” (Revista do Instituto dos Advogados Brasileiros, Ano XXIX, n. 84, 1º semestre de 1996, págs. 175-176).

É a este homem de tantos méritos que sucedo, na Academia Nacional de Direito do Trabalho, ao tomar posse nesta noite de 28 de novembro de 1997.

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Fonte: Texto extraído do discurso de posse de Rosita de Nazaré Sidrim Nassar na Academia Brasileira de Direito do Trabalho, proferido em 28.11.1997.

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